domingo, 17 de maio de 2009

Ritmos da periferia

Fonte:http://www.submusica.com/conheca-os-ritmos-da-periferia/

Por Lucio K:http://www.luciok.com.br


Ritmos nascem a todo o momento, mas muitos não sabem que existe um universo de ritmos que nascem nas periferias. Confira uma coletânea de vídeos que mostram alguns como funk carioca, kwaito, dancehall, grime, entre outros.

Pra quem não acredita no maquiado e superficial mundo da indústria musical e sempre está atrás de música sincera, espontânea e verdadeira, é inevitável o interesse pela música que surge nos guetos, entre o povão, e que normalmente leva um bom tempo até ser absorvida (”sugada” seria a palavra mais apropriada) pelo mainstream.

A musica marginal, da margem, da periferia

Sempre foi muito difícil se informar sobre os ritmos das periferias do mundo inteiro, mas agora, graças a sites como o Youtube, já se consegue ver hits de cenas locais, � s vezes até pequenos filmes de festas e bailes, em guetos pelo mundo. Nesta matéria vou falar dos ritmos periféricos eletrônicos mais significativos hoje em dia, pelo mundo inteiro, e mostrar alguns vídeos de exemplo.

Dancehall ou Raggamuffin


Na Jamaica, Raggamuffin era o termo que os ingleses usavam pejorativamente para definir o mestiço. No final dos 80, quando baterias eletronicas enfim cairam nas mãos dos jamaicanos, foi criado uma ramificação do reggae, mais eletrônico, e muito mais enérgico. E os jamaicanos usaram o termo raggamuffin para ele, numa espécie de sátira ao sentido pejorativo original. Mais tarde foi adotado o termo dancehall pra englobar as ramificações do reggae eletronico, que vai desde o mais rude e falado (ragga) até o mais meloso e melodioso.


Clipe “Murder She Wrote”, de Chaka Demus & The Pliers, clássico de dancehall dos anos 90


Exemplo de como rola um verdadeiro baile de dancehall


O artista Sizzla em um show de ragga, evento tido como quase religioso

Reggaeton


Um pouco abaixo, em Porto Rico, Panamá e Colombia, foi rolando nos anos 90 a gênese de um ritmo influenciado pelo hip hop, dancehall e a cultura latina e caribenha. Até Cuba já tem seus representantes de reggaeton.


Clipe de “El Gato Volador”, do El Chombo — um subgênero do reggaeton chamado “dem bow”


Clipe de “Pin Pon”, reggaeton cubano do El Medicos

Funk Carioca


E o Brasil? Nós temos o nosso funk carioca, um som tosco, simples, mas genuíno e cheio de groove. Um ritmo periférico que nasceu no povo, entre produtores que tiveram que usar a criatividade pra compensar a falta de equipamentos.

No funk carioca (tambem conhecido lá fora como “Rio funk” ou “brazilian funk”), o estilo se definiu quando entraram os MCs e a influencia de ritmos brasileiros (como o maculelê, um ritmo afro-brasileiro). Aí se formou um ritmo totalmente baseado em samples, como se pode ver neste vídeo:


Vídeo que mostra um baile do subúrbio carioca onde o DJ faz improvisos com uma MPC

Drum and bass


Já indo para a Inglaterra, a meca da música: um ritmo de gueto inglês que conquistou o mundo, mas de uma forma continua marginal é o drum and bass, descendente direto do ragga-jungle, que tambem se fez na Inglaterra:


DJ Ratty fazendo um set de jungle, hoje chamado de “old skool”


Apresentação ao vivo do I Kamanchi, projeto dos DJs Krust e Die

Grime ou Dubstep


Mais recentemente, nos anos zero, se consolidou a cena Grime, que é muito interessante pois rompe com padrões sonoros e é aberto a experimentações:


Ruff Squad, um dos maiores núcleos de grime da Inglaterra

Kuduro


Descendo para a �?frica, em Angola temos o ritmo Kuduro, que há uma década anima os bailes por lá e influencia tambem os guetos de Lisboa. Tambem temos. lá na Angola, os ritmos Kizomba e Tarraxinha, que são muito mais lentos e melódicos.


“Comboio II (Remix do Znobia)”, com Os Lambas, representantes do ritmo Kuduro

Kwaito


No sul da áfrica tem um ritmo que é influenciado pela dance music e os ritmos locais, o Kwaito, mais um sabor de música de periferia:


“Koko”, do projeto Gazza, representando o Kwaito da Namíbia

O manifesto das periferias

O mais interessante é observar a grande semelhança entre todos eles. Passa bem a idéia de que a essência da música é uma só — por isso, não há sentido em se ter preconceito com ritmos musicais quaisquer. Outro ponto legal de se observar é que a cultura dançante vem toda das culturas pretas, das culturas das ruas. Como diz o ilustre Marcelinho da Lua, vivam os “ritmos vira-latas”, e power to the people

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