sábado, 11 de abril de 2009

O ATAQUE DOS DJs ERRADOS

Fonte: http://www.portalelectromag.com.br

Quantas vezes você já não leu a seguinte frase: "(inserir nome de celebridade qualquer) ATACA DE DJ". A cada ano que passa, para mim pelo menos, fica mais difícil contabilizar. Uma rápida pesquisa de noticiário revelou que Giovanna Antonelli, André Marques, Adriane Galisteu, Luana Piovani, Bruno Gagliasso, Ronaldo Esper, Lucio Mauro Filho, Grazi Massafera e Giselle do BBB e Marisa Orth... todos "atacaram" de DJ nas últimas semanas.


Pois é, no começo achava estranho o uso desse verbo. "Ataca"! Atacar! Um ataque de DJ, como assim? Depois de um tempo, entendi a escolha. E achei mais do que apropriada. Quando uma figura dessas, que mal sabe localizar o "play", entra no som, é hora de procurar abrigo e se jogar no chão porque vai começar um ataque impiedoso aos ouvidos, ao bom gosto e à paciência dos ouvidos mais apurados.

A realidade não é tão bacana. Quem usa o "ataca" não está pensando, é claro, nesse ângulo negativo. Quando dizem que fulano "ataca" é mais num sentido "Uau!", "U-hu", um uso do verbo num clima de pura irreverência, empolgação e malandragem.

Já reparou que ninguém "ataca" de chef de cozinha ou de ator? Ou de VJ da MTV ou de editor de revista ou jornal. Estes são "convidados", fazem aquilo "por um dia", realizam uma "participação especial", "dão uma canja" ou ainda "dão uma de".

Existe uma percepção em muitos cantos do universo de que qualquer um pode subir lá e tacar umas músicas - sem falar que ser DJ é uma das atividades mais desejáveis da atualidade, principalmente a parte onde você é o centro das atenções da festa (estamos falando de "celebs", afinal...). A regra, então, é esquecer da humildade na hora de pagar de DJ. Por isso, ninguém "dá uma de DJ" nem faz uma "participação especial". Nego vai logo lá e ATACA!

Mas então, dá pra fazer algo a respeito, além de bufar nos fóruns online da vida? Sinceramente, não dá não. A mania por celebridade impregnou nossa cultura popular de tal maneira que é melhor se conformar com a farsa.

Minha sugestão: se não pode com eles... ria deles! É o que tenho feito aqui no meu trabalho com o pessoal cada vez que sabemos de mais um desses "ataques" devastadores.

Sei que tem nego pegando em armas cada vez que sabe que mais um global chegou perto de um CDJ. Também sei que uma das bandeiras dos movimentos pela profissionalização do DJ é justamente barrar a presença desses "amadores" nas cabines. Mas, por mais que a informação de que um ator de "Malhação" está prestes a soltar sua primeira música me mandasse direto para o bar, não consigo ser tão ranzinza assim.

Eu acho até que, a longo prazo, isso pode ser benéfico para os DJs de verdade.

Imagine um line-up assim: Bruno Gagliasso e depois Zegon. Ou senão Diego Alemão e depois Mau Mau. A ruindade da celebridade no som valorizaria ainda mais o bom profissional que entrasse na sequência. Seria como comparar água suja e uísque 18 anos. Numa situação de contraste tão brutal, muita gente finalmente teria um estalo e perceberia então do que é feito um bom DJ.



CAMILO ROCHA

é DJ, jornalista e colunista fixo da Electro M.A.G., com a seção "Música e Delírio".



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